Holiste inaugura Residência Terapêutica após reforma e ampliação
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A Holiste Psiquiatria inaugura, nesta terça-feira (6), sua nova Residência Terapêutica. Localizado na Pituba, o espaço oferece moradia assistida para pacientes com doenças mentais crônicas, e após dois anos de atividade acaba de passar por reforma e ampliação, com o objetivo de ofertar mais conforto e espaços para as atividades realizadas com os pacientes. Entre as melhorias estão a ampliação da academia – visto que a prática de atividade física é condição essencial no tratamento de transtornos mentais – e da sala de arteterapia.
Quando os transtornos mentais são tratados de modo inadequado, diagnosticados tardiamente ou de maneira equivocada, existe a possibilidade de cronificação do quadro e, nesse estágio, as medicações e as psicoterapias apresentam uma eficácia limitada, comprometendo a autonomia e as relações sociofamiliares do paciente.
A proposta do trabalho da Residência Terapêutica é fazer com que o paciente crônico volte a ter um papel mais ativo em sua vida, assumindo o protagonismo de sua história e melhorando seu relacionamento com a sociedade e com a família. Para isso, a Residência Terapêutica disponibiliza moradia assistida com suporte multidisciplinar, cuidados 24h e tratamento individualizado.
“Entender o paciente psiquiátrico para além do seu diagnóstico é um desafio que buscamos em nosso trabalho. A Residência Terapêutica tem a missão de oferecer um espaço onde o foco seja as necessidades e os desejos dos moradores, desde os cuidados básicos com a saúde, passando por projetos de interação e inclusão social”, afirma Ueliton Pereira, psicólogo e diretor técnico da Holiste.
Doença mental crônica e suas limitações
A cronicidade da doença mental envolve prejuízos cognitivos e afetivos duradouros, comprometendo o desempenho funcional do paciente, que passa a ter dificuldades em executar tarefas mais simples do dia a dia, bem como manter sua individualidade, autonomia e os laços sociofamiliares. É um quadro de difícil manejo que, se não cuidado adequadamente, pode levar à segregação, exposição às drogas e outras formas de violência social.
A partir dessa perspectiva, os profissionais elaboram um plano terapêutico individualizado, sempre atento às aptidões e limites de cada paciente. Os moradores participam de várias atividades de natureza física, psicológica e social, que estimulam sua autonomia na realização das tarefas diárias, na organização de rotinas e na assunção de responsabilidades.
Os objetivos são definidos de acordo com a individualidade de cada um, envolvendo administração e organização do seu espaço, pactos relacionados à higiene pessoal, hábitos de compra de necessidades pessoais, atenção à saúde física, estabelecimento de objetivos e metas de vida, lazer e atividades externas que façam parte do plano terapêutico.
“Um dos pontos importantes do nosso trabalho é estimular o morador a falar sobre si mesmo, indo além da doença. Discutimos temas abrangentes que levam a uma reflexão sobre o seu cotidiano, sua vida, seus laços afetivos, estimulando sua capacidade de se relacionar com os outros, de manter sua autoestima, respeitando sua singularidade”, aponta Caroline Severo, psicóloga e coordenadora da Residência Terapêutica.
Fortalecimento dos vínculos familiares
As estratégias de cuidado e proteção são construídas em parceria com a família do paciente. São desenvolvidas atividades de integração e convivência entre o morador e suas referências afetivas, em especial seus familiares, para a reconstrução e fortalecimento dos vínculos, geralmente abalados pelo transtorno mental, entendendo sempre os limites de ambas as partes.
“Todo o trabalho é construído com o paciente e sua família, que são parceiros e agentes do cuidado, compartilhando responsabilidades com a equipe”, pontua Isabel Castelo Branco, acompanhante terapêutica e coordenadora da Residência Terapêutica.
A admissão do paciente na Residência Terapêutica se dá mediante a indicação do seu médico psiquiatra e da avaliação da equipe técnica da Holiste. Para isso, são avaliados critérios como o nível de comprometimento clínico, psíquico e social do indivíduo, seu grau de autonomia e características disfuncionais relativas à vida diária.