Falso correspondente do BB recebe dinheiro de clientes e some com mais de R$ 100 mil, em Simões Filho, na BA
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Falso correspondente do BB recebe dinheiro de clientes e some com mais de R$ 100 mil, em Simões Filho, na BA
Imagine vocĂŞ trabalhar o mĂŞs inteiro, receber seu salário e com muito sacrifĂcio pagar as contas de água, luz, IPTU, boletos de cartões de crĂ©dito, a escola do filho e depois de alguns dias descobrir que levou um golpe de um falso correspondente bancário. Com certeza isso irá desequilibrar a sua vida financeira e gerar uma grande frustração. Foi exatamente isso que aconteceu com centenas de pessoas na cidade de Simões Filho, na Bahia. O municĂpio localizado a cerca de 23 quilĂ´metros da capital, Salvador (BA). [Veja vĂdeo no meio da matĂ©ria]
O caso veio Ă tona depois que clientes que haviam realizado pagamentos de contas em uma loja de um suposto correspondente bancário do Banco do Brasil (BB), reclamaram que os valores nĂŁo tinham sido encaminhados ao banco e que receberam nova cobrança da dĂvida, qual acreditavam ter sido pagas. A estimativa inicial Ă© de um prejuĂzo de cerca de R$ 100 mil reais, podendo chegar a R$ 200 mil, com a divulgação do caso, tendo em vista que o suposto correspondente bancário funcionou por trĂŞs meses no Centro da cidade.
O suposto correspondeste bancário do Banco do Brasil (BB) estava localizado no Centro Comercial que fica atrás do ponto de ônibus, bem em frente a Avenida Rui Barbosa. O posto foi fechado na calada da noite e quando as pessoas se deram conta, já haviam sido lesadas.
Passo a passo para conquistar a clientela
O suposto Correspondente Bancário estava funcionando sem alvará, e na placa em frente a loja tinha as logos da Rede Enterpag e Banco do Brasil, o que gerou confiança, atraindo assim a população. O suposto correspondente distribuiu até folhetos para chamar atenção dos clientes. A reportagem entrou em contato, por telefone, com a Rede Enterpag, que tem sede em Cascavel, no estado do Paraná, e solicitamos um posicionamento da empresa. Inicialmente, a Rede Enterpag informou que não possui loja em Simões Filho (BA). Disse ainda que iria entrar em contato com o Banco do Brasil para apurar os fatos e emitir um posicionamento sobre o caso. Pelo que tudo indica o suposto correspondente bancário utilizou as marcas para aplicar o golpe.
Ao se instalar na cidade, a suposta agĂŞncia nĂŁo apresentou nenhuma caracterĂstica suspeita. De maneira bastante astuta, o proprietário identificado apenas como Davi, agiu de forma estratĂ©gica.
Primeiro pensou em um ponto de fácil acesso e de grande movimentação de pessoas. Depois, aos poucos ele tentou ganhar a confiança dos clientes para que no momento oportuno ele fugisse lesando tantos trabalhadores. Uma das estratĂ©gias que ele utilizou para atrair as pessoas foi enviando uma mulher que faz parte da empresa, e nĂŁo teve nome revelado, para ir atĂ© as pessoas oferecer o serviço para agilizar o pagamento por se tratar de um local que nĂŁo tinha muito movimento e seria de rápido atendimento. Em todos os pagamento eram emitidos os comprovantes. O que essas pessoas nĂŁo desconfiavam era que eles estariam sendo atraĂdos para uma armadilha de um grande golpe.
As vĂtimas
Diante das contas que acreditavam ter sido pagas, os clientes nĂŁo tĂŞm ideia de como proceder. A dona de casa Aldilene Costa Gonçalves, de 28 anos, Ă© uma das vitimas. Ela terá que gastar mais dinheiro com as contas, o problema Ă© que a mesma nĂŁo sabe de onde tirar. Aldilene conta que pagou R$ 425 reais para o suposto correspondente bancário. Ela quitou as contas de energia e dois boletos, mas dias depois descobriu que nĂŁo foi dado baixa no sistema. “A gente pagou a um suposto correspondente do Banco do Brasil, mas nĂŁo consta o pagamento. O correspondente sumiu com todo o dinheiro. Uma moça pagou R$ 5 mil”, denuncia Aldilene.
Já Maria LĂşcia, de 41 anos, teve um prejuĂzo bem maior que Aldilene e terá que conseguir R$ 2.354,43 para pagar o boleto do cartĂŁo de crĂ©dito que acreditava ter quitado.
Outra vĂtima Ă© a Rosângela Santos, 42 anos, revendedora de produtos cosmĂ©ticos da ‘O Boticário’. Ela teria acreditado que seu boleto da compra dos produtos, alĂ©m de outras contas que juntos Ă© estimado no valor R$ 3 mil reais teriam sido pagos.
“Ao passar dois dias, vi que o pagamento nĂŁo havia sido constado. Suspeitei que algo estava errado e quando estive no correspondente bancário já estava fechado. AtĂ© quitar esta dĂvida ficarei impossibilitada de trabalhar, pois nĂŁo tenho como pagar essa conta”, disse Rosângela.
Rosângela Santos,42 anos, levou um golpe de R$ 3 mil
Empresa muda Ă s escondidas
ApĂłs lesar cetenas de pessoas que nĂŁo sabem ainda como irĂŁo quitar as dĂvidas, durante a madrugada da sexta-feira (8/11), dia em que a cidade estava em festa em comemoração aos 58 de emancipação polĂtica, o dono da agĂŞncia esteve no local, encostou um caminhĂŁo e retirou todos os equipamentos e materiais que utilizava para atendimento e supostos pagamentos. Ele tambĂ©m levou a chave da porta de acesso ao espaço sem comunicar a ninguĂ©m e nem deixar rastros para onde tenha ido.
O que diz o dono Box alugado pelo suposto correspondente?
Entre as centenas de pessoas enganadas pelo suposto correspondente bancário está o senhor JoĂŁo Marinho da Conceição, 70 anos, proprietário do box. De acordo com JoĂŁo Marinho, um homem de prenome Davi, alugou o ponto e nĂŁo apresentou nenhuma atitude que fizesse com que ele suspeitasse que, logo mais, centenas de pessoas seriam vĂtimas de um golpe.
“Ele chegou para alugar o ponto, pagou a fiança direitinho, deu a entrada no valor combinado, depois pagou o segundo mĂŞs. Na sexta-feira ele esteve no box, retirou a placa com nome da empresa e nĂŁo retornou mais. Eu estava aguardando ele entrar em contato para acertamos este mĂŞs. Estou sendo prejudicado, este ponto Ă© meu, eu vivo disso”, contou JoĂŁo Marinho, que encontrou o local fechado.
João Marinho da Conceição, 70 anos, é proprietário do box, alugado ao suposto correspondente bancário do BB.
Boletim de ocorrĂŞncia coletivo
Um grupo de mais de 30 pessoas foram Ă principal delegacia de Simões Filho (BA), para registrar a ocorrĂŞncia, na tarde desta segunda-feira (11/11). Eles formaram um grupo de WhatsApp com cerca de 50 vĂtimas. O objetivo Ă© lutar para que os responsáveis pelo golpe sejam presos.
A polĂcia acredita que o nĂşmero de vĂtimas deve aumentar agora que o caso ganhou repercussĂŁo.
Manifestação
Manifestação
O grupo de pessoas lesadas se reuniram na manhã desta terça-feira (12/11) e fizeram um protesto em frente ao Banco do Brasil, no Centro da cidade, cobrando uma explicação, já que o golpista seria um suposto correspondente bancário do BB. As vitimas buscam esclarecimentos, pois até o momento não há informações se a suposta empresa realmente é uma agência correspondente do banco.
O que diz o Banco do Brasil?
A reportagem do SIMĂ•ES FILHO ONLINE entrou em contato com assessoria de imprensa do Banco do Brasil (BB) para solicitar esclarecimentos e confirmar se, da fato, a agĂŞncia Ă© realmente correspondente do banco. De forma imediata, o Banco do Brasil informou que “o estabelecimento nĂŁo tem autorização para atuar como seu correspondente bancário. O BB enviou representante ao local para avaliar o uso indevido da marca Mais BB, mas os golpistas já haviam retirado todo material visual da loja. O Banco do Brasil colabora com as investigações da polĂcia e apura o caso para tomar providĂŞncias cabĂveis”.
Ainda em nota ao SIMĂ•ES FILHO ONLINE, o BB disse que “divulga todos os seus pontos de atendimentos no site www.encontreobb.com.br“. O Banco ressalta que “mantĂ©m critĂ©rios rigorosos para contratação de correspondentes da Rede Mais BB e que realiza constante fiscalização e acompanhamento da atuação destes pontos de atendimento”.
O que diz a Rede Enterpag?
O SIMÕES FILHO ONLINE também entrou em contato, por telefone, com a Enterpag, que tem sede em Cascavel, no estado do Paraná, e solicitamos um posicionamento da rede, que informou apenas que não possui loja em Simões Filho (BA). Disse ainda que iria entrar em contato com o Banco do Brasil para apurar os fatos.