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Alta no preço da carne deve manter o consumo escasso até o final de 2022

Alta no preço da carne deve manter o consumo escasso até o final de 2022
Alta no preço da carne deve manter o consumo escasso até o final de 2022. Foto: Reprodução/O Globo

Alta no preço da carne deve manter o consumo escasso até o final de 2022

A atual conjuntura deve manter a pressão sobre o preço da carne no país pelo menos até o fim de 2022, o que tem tornado o alimento cada vez mais escasso no prato do brasileiro, sobretudo nas famílias de baixa renda.

Existe uma série de fatores contribuindo para esta projeção, que envolve desde a falta de bezerros no mercado, passando pelo alto preço de commodities como soja e milho, responsáveis pela ração do gado e cotadas em dólar, até a explosão da demanda asiática, em especial da China, região onde o poder de compra está em alta.

O atual patamar de consumo de carne no Brasil, de 27,6 quilos ao ano por habitante, é 46% menor do que o verificado no auge do consumo no país, em 2006. Naquela época, o brasileiro tinha à sua disposição 42,8 quilos de carne bovina ao ano, segundo dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), vinculada ao Ministério da Agricultura.

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Com o recrudescimento da pandemia e o aumento da taxa de desemprego (que beira os 15%), a previsão é que este consumo caia ainda mais em 2021, para 26,4 quilos per capita.

“O consumo de carne bovina é diretamente proporcional ao aumento da renda”, diz Sergio De Zen, diretor de política agrícola e informações da Conab. Ele aponta o deslocamento do dinamismo da economia mundial para a Ásia.

“Trabalhamos com projeções que apontam a inserção, em cinco anos, de até 250 milhões de novos consumidores asiáticos com alto padrão de renda familiar”, diz ele, ressaltando que a demanda também vem de outros países da região do Pacífico.

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A China está à frente deste movimento. Segundo a Agrifatto, casa de análise de investimentos em ativos agropecuários, no acumulado entre janeiro e novembro de 2020, a China respondeu por 52% das importações de carne brasileira, seguida por Hong Kong (11%). O terceiro lugar pertence ao Egito (6%).

“Assim que a China se recuperou da crise do coronavírus, no segundo trimestre, partiu para as compras de alimentos no mercado internacional”, diz Marcos Henrique do Espírito Santo, analista da consultoria Lafis.

O Brasil divide a liderança global na produção de carne bovina com os Estados Unidos. Em 2020, foram produzidas 7,77 milhões de toneladas no país, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), enquanto as exportações somaram 2,13 milhões de toneladas, conforme relata a Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais, vinculada ao Ministério da Economia.

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Isso significa que 27,4% do que se produziu de carne bovina no Brasil foi exportado no ano passado. De acordo com especialistas, é um avanço em relação à média histórica de 20% de exportação observada na década passada.

O aumento da demanda asiática sobre as carnes brasileiras, acompanhado da alta do preço das commodities que alimentam as criações, gerou impacto no prato do brasileiro.

Enquanto o preço da carne bovina cresceu 35% em 12 meses até abril, segundo o IPCA (índice oficial de inflação do país), o preço da carne suína avançou 59% no período e o frango congelado, 70%, aponta Espírito Santos, da Lafis.

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“A pressão inflacionária atingiu mesmo as proteínas mais baratas”, disse. Na opinião de De Zen, da Conab, o planeta vive uma mudança estrutural, a partir da elevação do patamar da demanda global de alimentos, que traz consigo novos níveis de preços.

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