Covid-19: Anvisa autoriza novo ensaio clĂnico de vacina
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A Anvisa publicou, nesta terça-feira (18/8), a aprovação para condução de um ensaio clĂnico que estudará uma potencial vacina denominada Ad26.COV2.S, composta de um vetor recombinante, nĂŁo replicante, de adenovĂrus tipo 26 (Ad26), construĂdo para codificar a proteĂna S (Spike) do vĂrus Sars-CoV-2. A autorização foi solicitada pela Jansen-Cilag (a divisĂŁo farmacĂŞutica da Johnson-Johnson).
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O ensaio clĂnico aprovado Ă© um estudo de fase 3, randomizado, duplo cego, controlado por placebo, para avaliar a eficácia e a segurança de Ad26.COV2.S na prevenção de Covid-19 mediada por Sars-CoV-2 em adultos com 18 anos ou mais (cĂłdigo do estudo: VAC31518COV3001). Será uma dose Ăşnica da vacina ou placebo.
O estudo prevĂŞ a inclusĂŁo de atĂ© 60 mil voluntários, sendo sete mil no Brasil, distribuĂdos em diversas regiões do paĂs (nos estados de SĂŁo Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Norte). O recrutamento dos voluntários Ă© de responsabilidade dos centros que conduzem a pesquisa.
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Autorização
Os dados que embasaram a autorização da Anvisa incluĂram estudos nĂŁo clĂnicos com a vacina e dados nĂŁo clĂnicos e clĂnicos acumulados de outras vacinas que utilizam a mesma plataforma Ad26. O estudo de fase 1/2 com a vacina candidata foi iniciado em julho deste ano, nos EUA e na BĂ©lgica. O ensaio clĂnico de fase 3 aprovado será conduzido em etapas e cada etapa sĂł será iniciada se os resultados que estiverem disponĂveis no momento, obtidos no estudo de fase 1/2 e no prĂłprio estudo de fase 3, forem satisfatĂłrios para a continuidade do estudo.
Este Ă© o quarto estudo de vacina contra o novo coronavĂrus autorizado pela Anvisa no Brasil. No dia 2 de junho, a AgĂŞncia autorizou o ensaio clĂnico da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, para prevenir a Covid-19; no dia 3 de julho, o da vacina desenvolvida pela empresa Sinovac Research & Development Co. Ltd., em parceria com o Instituto Butantan; e no dia 21 de julho, o das vacinas desenvolvidas pela BioNTech e Wyeth/Pfizer.
Priorização de análise
Para a aprovação do ensaio clĂnico, a Anvisa realizou reuniões com a equipe da Janssen, empresa farmacĂŞutica que desenvolverá a vacina, a fim de alinhar todos os requisitos tĂ©cnicos necessários para os testes.
Desde o reconhecimento de calamidade pĂşblica no Brasil em virtude da pandemia do novo coronavĂrus, a AgĂŞncia tem adotado estratĂ©gias para dar celeridade Ă s análises e Ă s decisões sobre qualquer demanda que tenha como objetivo o enfrentamento da Covid-19.
Uma dessas estratĂ©gias foi a criação de um comitĂŞ de avaliação de estudos clĂnicos, registros e mudanças pĂłs-registros de medicamentos para prevenção ou tratamento da doença. O grupo tambĂ©m atua em ações para reduzir o risco de desabastecimento de medicamentos com impacto para a saĂşde pĂşblica devido Ă pandemia.
O que sĂŁo ensaios clĂnicos
Os ensaios clĂnicos sĂŁo os estudos de um novo medicamento realizados em seres humanos. A fase clĂnica serve para validar a relação de eficácia e segurança do medicamento e tambĂ©m para validar novas indicações terapĂŞuticas.
Dentro desse ensaio, existem três fases (I, II, III), onde são colhidas informações sobre atividade, funcionamento e segurança para que o produto possa ser liberado ao mercado e ser usado em pacientes junto com o tratamento padrão da pesquisa.
Para realização de qualquer pesquisa clĂnica envolvendo seres humanos, Ă© obrigatĂłria a aprovação dos ComitĂŞs de Ética em Pesquisa (CEPs) e/ou da ComissĂŁo Nacional de Ética em Pesquisa (Conep).
A anuĂŞncia de pesquisa clĂnica pela Anvisa aplica-se somente Ă s pesquisas clĂnicas que tĂŞm a finalidade de registro e pĂłs-registro de medicamentos, por solicitações de empresa patrocinadoras ou de seus representantes. O prazo para inĂcio do estudo clĂnico apĂłs a aprovação Ă©tica e regulatĂłria Ă© definido pelo patrocinador do estudo.
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Fases da pesquisa clĂnica de vacinas
Durante a fase I, pequenos grupos de indivĂduos, normalmente adultos saudáveis, sĂŁo avaliados para verificação da segurança e determinação do tipo de resposta imune provocada pela vacina. Nessa fase tambĂ©m podem ser realizados estudos de desafio, a fim de selecionar os melhores projetos de vacina para seguirem Ă fase seguinte.
Na fase II, há a inclusĂŁo de um maior nĂşmero de indivĂduos e a vacina já Ă© administrada a indivĂduos representativos da população-alvo da vacina (bebĂŞs, crianças, adolescentes, adultos, idosos ou imunocomprometidos). Nessa fase Ă© avaliada a segurança da vacina, imunogenicidade, posologia e modo de administração.
Na fase III, a vacina Ă© administrada a uma grande quantidade de indivĂduos, normalmente milhares de pessoas, para que seja demonstrada a sua eficácia e segurança, ou seja, que a vacina Ă© capaz de proteger os indivĂduos com o mĂnimo possĂvel de reações adversas.
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O inĂcio dos testes em seres humanos depende de dois fatores: da aprovação pelo Conep, ĂłrgĂŁo do MinistĂ©rio da SaĂşde responsável pela avaliação Ă©tica de pesquisas clĂnicas, e da prĂłpria organização interna dos pesquisadores para recrutamento dos voluntários. A Anvisa nĂŁo define esta data. Fonte:Ascom Anvisa.