Brasil possui quatro estudos clĂnicos de vacinas contra o coronavĂrus; saiba quais sĂŁo
Brasil aprovou quatro estudos para vacinas contra Covid-19. Os testes estĂŁo sendo conduzidos em voluntários, principalmente em profissionais que estĂŁo na linha de frente de combate ao coronavĂrus. O gerente geral de Medicamentos e Produtos BiolĂłgicos da AgĂŞncia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Gustavo Mendes, explicou que para aprovar a condução de um estudo clĂnico no paĂs sĂŁo avaliados aspectos como segurança e boas práticas.
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“AlĂ©m da segurança, a gente avalia tambĂ©m aspectos relacionados ao desenho do estudo. Ou seja, quantos voluntários vĂŁo participar. Como esse dado de eficácia vai ser avaliado ao final. Se vai ser um estudo controlado por placebo, se vai ser o estudo com uma dose Ăşnica. E tambĂ©m a gente avalia as questões de boas práticas clĂnicas. Quem sĂŁo os centros de pesquisa que vĂŁo conduzir esse estudo”, disse.
Segundo ele, ter os estudos aprovados no Brasil Ă© muito importante. “Existe um reconhecimento do paĂs na capacidade de gerar resultados confiáveis de estudos clĂnicos. Isso Ă© um reconhecimento nĂŁo sĂł da agĂŞncia reguladora, mas tambĂ©m dos centros de pesquisa e dos pesquisadores”, afirmou.
Os ensaios clĂnicos em seres humanos avaliam a segurança e eficácia do medicamento e sĂŁo divididos em trĂŞs fases. Na fase I, participam pequenos grupos de indivĂduos. Na fase II há a inclusĂŁo de mais pessoas e a vacina Ă© administrada em indivĂduos representativos da população-alvo a ser imunizada. Já na fase III, a vacina Ă© oferecida a uma grande quantidade de pessoas para avaliar a capacidade de proteção do produto.
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Estudos ClĂnicos Aprovados
Vacina de Oxford
A vacina de Oxford contra a Covid-19, produzida pelo laboratĂłrio AstraZeneca e pela Universidade de Oxford, está na terceira e Ăşltima fase de testes em humanos no Brasil e em outros paĂses. A Anvisa aprovou o estudo em 2 de junho.
Os ensaios clĂnicos ocorrem nas cidades do Rio de Janeiro, em SĂŁo Paulo e em Salvador e a previsĂŁo Ă© que participem cinco mil voluntários.
A vacina está sendo aplicada em pessoas de 18 a 69 anos, saudáveis e que atuem na linha de frente de combate à Covid-19, como médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas e auxiliares de enfermagem.
TambĂ©m participam profissionais que atuam em áreas de grande risco de exposição ao vĂrus, como segurança de hospital e agentes de limpeza hospitalar. Todo voluntário apĂłs aplicação da vacina assina um termo em que se compromete a avisar toda e qualquer ocorrĂŞncia na saĂşde, preenchem uma espĂ©cie de boletim diário. E periodicamente devem se dirigir ao centro do estudo para fazer exames de modo que os pesquisadores monitorem nĂŁo sĂł a saĂşde como a segurança e eficácia da vacina
Para participar do teste clĂnico, todos devem testar negativo ao vĂrus, ou seja, nĂŁo podem ter sido contaminados pelo novo coronavĂrus. Em SĂŁo Paulo, quem conduz o processo de imunização Ă© a Universidade Federal de SĂŁo Paulo (Unifesp), por meio do Crie, o Centro de ReferĂŞncia para ImunobiolĂłgicos Especiais, que faz a seleção dos voluntários.
No Rio de Janeiro e em Salvador, os testes estão sendo coordenados pelo Instituto D´Or de Pesquisas e Ensino (IDOR), uma instituição sem fins lucrativos voltado à ciência, à educação e à inovação na área da saúde. Sua principal mantenedora é a Rede D´Or São Luiz, uma rede privada de hospitais do Brasil.
Nessas duas cidades, quem atende aos critérios de elegibilidade e quer ser voluntário, pode entrar no site do Instituto e preencher o Formulário de Interesse para Participação Voluntária.
Os voluntários que participam do estudo da vacina de Oxford receberão uma segunda dose, chamada dose de reforço, da imunização. Este complemento será dado às pessoas que já haviam sido vacinadas e também aos que ainda vão entrar para o estudo. De acordo com a Anvisa, a mudança para uma dose dupla ocorreu após a publicação de alguns resultados mostrando que o reforço aumenta a chance de imunização.
Uma Medida ProvisĂłria assinada neste mĂŞs pelo Presidente Jair Bolsonaro, que prevĂŞ um crĂ©dito orçamentário extraordinário de R$ 1,9 bilhĂŁo, garante a entrega de 100 milhões de doses da vacina de Oxford ao Brasil, alĂ©m da transferĂŞncia de tecnologia ao paĂs.
Do total, R$ 522,1 milhões, para as despesas necessárias ao processamento final da vacina por Bio-Manguinhos, unidade da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) produtora de imunobiológicos
A vacina Ă© considerada pela Organização Mundial de SaĂşde (OMS) como um dos projetos mais promissores atĂ© o momento. A expectativa Ă© caso se mostre eficaz e segura, a produção comece aqui no Brasil, segundo o MinistĂ©rio da SaĂşde, já a partir de dezembro; e a distribuição no inĂcio de 2021, para o pĂşblico prioritário.
Vacina Sinovac
Aprovado pela Anvisa em 3 de julho, a vacina foi desenvolvida pela empresa Sinovac Research & Development Co. Ltd., em parceria com o Instituto Butantan.
Os testes serĂŁo realizados em nove mil voluntários que trabalham em instalações especializadas para Covid-19, em centros de pesquisas de SĂŁo Paulo, BrasĂlia, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná. Participam do estudo 12 instituições, incluindo o Hospital Universitário de BrasĂlia da Universidade de BrasĂlia (HUB-UnB) e o Complexo Hospital de ClĂnicas da Universidade Federal do Paraná (CHC-UFPR), ambos vinculados Ă Rede Ebserh.
Os voluntários devem ser profissionais de saĂşde que trabalham no atendimento a pacientes com a doença. Mas nĂŁo podem ter sofrido infecção provocada pelo coronavĂrus, nĂŁo devem participar de outros estudos e nĂŁo podem estar grávidas ou planejarem uma gravidez nos prĂłximos trĂŞs meses. Outra restrição Ă© que nĂŁo tenham doenças instáveis ou que precisem de medicações que alterem a resposta imune.
Atenção, o Instituto Butantan não recruta voluntários diretamente. Os interessados devem procurar o centro de pesquisa mais próximo. O voluntário aprovado receberá duas doses da vacina, com intervalo de 14 dias. Metade dos participantes recebe um placebo que não tem efeito farmacológico, e a outra metade, o produto vacinal.
Para se candidatar, o interessado deve ter mais de 18 anos, trabalhar em serviço de saĂşde atendendo pessoas com Covid-19, nĂŁo ter sido diagnosticado ou testado positivo para o coronavĂrus, ter registro no conselho profissional regional, nĂŁo apresentar doença crĂ´nica, nĂŁo estar gestante e nĂŁo participar de outro ensaio clĂnico.
Vacina BioNTech e Wyeth/Pfizer
O estudo para as vacinas desenvolvidas pela BioNTech e Wyeth/Pfizer foi aprovado pela Anvisa em 21 de julho. De acordo com a agĂŞncia, o estudo prevĂŞ a inclusĂŁo de cerca de 29 mil voluntários, sendo 1.000 deles no Brasil, em SĂŁo Paulo no Centro Paulista de Investigação ClĂnica, e na Bahia, na Instituição Obras Sociais IrmĂŁ Dulce.
O recrutamento dos voluntários Ă© de responsabilidade dos centros que conduzem a pesquisa. O ensaio corresponde Ă fase 2/3 do estudo. “Essa vacina usa apenas um fragmento do vĂrus para induzir a resposta imune. Todas as fases acontecem ao mesmo tempo”, disse o gerente geral de Medicamentos e Produtos BiolĂłgicos da Anvisa, Gustavo Mendes. “Essa Ă© uma estratĂ©gia que foi adotada por diversas agĂŞncias reguladoras internacionais para garantir celeridade na avaliação de vacinas contra Covid”, explicou.
Vacina Jansen-Cilag
A aprovação mais recente para estudo clĂnico, 18 de agosto, Ă© da vacina produzida pela divisĂŁo farmacĂŞutica da Johnson-Johnson. O ensaio clĂnico aprovado Ă© um estudo de fase III.
De acordo com a Anvisa, o estudo prevĂŞ a inclusĂŁo de atĂ© 60 mil voluntários, sendo sete mil no Brasil, distribuĂdos em diversas regiões do paĂs, nos estados de SĂŁo Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Norte. Será uma dose Ăşnica da vacina ou placebo. Fonte:Governo do Brasil