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Simões Filho: Bebê com microcefalia enfrenta ônibus cheios para conseguir tratamento em outra cidade

Com apenas cinco meses de vida, Kesia já enfrenta uma rotina difícil em busca de tratamento médico. Diagnosticada com microcefalia, a pequena moradora da cidade de Simões Filho, na região metropolitana, precisa deslocar-se até Salvador pelo menos duas vezes por semana para se consultar com neuropediatra, fisioterapeuta e fonoaudiólogo, profissionais não disponíveis em Simões Filho. São pelo menos duas horas de viagem para ir e outras duas para voltar, em ônibus cheios, sob forte calor e congestionamento.

“É bem difícil e sai muito caro para a gente porque eu não posso ir sozinha, preciso levar alguém para me ajudar”, conta a balconista desempregada Joenice Figueiredo Tavares, de 22 anos, mãe de Kesia. “Até aqui só contamos mesmo com o salário do meu marido e a ajuda da família para a compra de remédios, roupas e fraldas”, diz.

A Bahia é o segundo Estado com o maior número de casos de microcefalia. No entanto, o índice de neurologistas e pediatras que atendem em municípios baianos é cinco vezes menor do que o do Distrito Federal, por exemplo.

O problema se repete em todo o Nordeste, região que concentra 90% dos registros da má-formação. Levantamento feito pelo Estado com base em dados da Demografia Médica 2015 mostra que todos os Estados nordestinos têm índice desses especialistas abaixo da média nacional, o que dificulta o acesso dessas crianças à assistência médica.

Consequências.

A dificuldade de acesso a especialistas e a consequente demora no início do tratamento dos bebês com microcefalia pode agravar ainda mais o quadro dessas crianças, segundo Ana Carolina Coan, secretária do Departamento Científico de Neurologia Infantil da Academia Brasileira de Neurologia.

“O primeiro problema é a falta de um profissional que acompanhe o grau de desenvolvimento da criança e indique as melhores terapias de estimulação para ela. O segundo é que alguns bebês com sequelas mais graves vão precisar de tratamento medicamentoso, que só poderá ser prescrito por um especialista. A gente sabe que parte dos bebês com microcefalia sofre de crises convulsivas e, se elas não forem tratadas, podem fazer a criança regredir”, explica. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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