Algumas vítimas só aparecem depois de dias, semanas ou até meses. Elas são achadas em locais de “desova”, principalmente no Centro Industrial de Aratu (CIA) às margens das pistas.
Desova é um grande problema
Só nos 14 primeiros dias deste mês de agosto cinco homicídios foram registrados para o município, desses, três corpos foram encontrados em áreas do Centro Industrial de Aratu e um na Via Parafuso, no trecho da cidade. Apenas um caso aconteceu dentro da região habitada do município, o que torna evidente que a cidade continua sendo ponto de desova de cadáveres.
Os corpos que sempre são encontrados no Centro Industrial de Aratu, são computados para Simões Filho e contribuem de forma determinante para que a cidade continue no topo do Ranking. O último caso aconteceu na manhã desta terça-feira (13/08). Um homem foi assassinado e teve seu corpo jogado no local.
10 anos no Ranking
É fato que há mais de 10 anos o município figura entre as 10 cidades mais violentos do pais. Simões Filho já ocupou o primeiro lugar no ranking das cidades mais violentas do Brasil por três anos consecutivo, 2011, 2012 e 2013 respectivamente. De lá pra cá, a cidade oscila entre os 10, mas nunca deixa a lista.
Ação do Governo
Simões Filho fica à 22 quilômetros da capital Salvador pela BR-324, a mais movimentada rodovia da Bahia. Mesmo assim, a cidade parece está invisível aos olhos dos governos federal e estadual.
O município, por exemplo, nunca recebeu uma atenção especial do Governo do Estado da Bahia com um programa voltado para acabar com as desovas e melhorar a imagem da cidade.
As ações de segurança em Simões Filho, em especial no Centro Industrial, conta apenas com o esforço individual de cada Policial Militar e Civil, que mesmo com pouco efetivo, realizam rondas por toda a área industrial diariamente, o que ameniza a situação. Vale informar que a PM também implementou programas como Proerd nas escolas municipais, mas parece está sozinha tentando combater a criminalidade. Outro detalhe, é que entre as grandes cidades metropolitanas, Simões Filho é unica que não recebeu Bases Comunitárias. Além disso, há muitos anos a população solicita uma Delegacia da Mulher (DEAM) e o aumento do efetivo policial da cidade.
Em maio deste ano, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, anunciou as cinco primeiras cidades que integrarão o projeto-piloto do Programa Nacional de Enfrentamento à Criminalidade Violenta. O projeto, que pretende reduzir os crimes violentos nas cidades com maiores índices de homicídios do país, foi implementado em Ananindeua (PA), Goiânia (GO), Paulista (PE), Cariacica (ES) e São José dos Pinhais (PR). Simões Filho ficou de fora. “Foram escolhidos cinco municípios. O critério principal adotado foram os altos índices de crimes violentos, no caso, assassinatos nesses municípios, aliados a outros fatores específicos relacionados especialmente à questão de ser um projeto-piloto. Portanto, trata-se ainda de uma experiência em desenvolvimento. Se bem-sucedido, o projeto será expandido a outros municípios”, explicou o ministro naquela ocasião.
Diante desse cenário, criminosos continuam utilizando o território simõesfilhense como uma espécie de depósito de corpos. Completamente abandonado, o Centro Industrial de Aratu está na preferencia dos assassinos, pois concentra o maior número de galpões de fábricas desativados na região metropolitana. É comum encontrar no local corpos e até carros incendiados abandonados à beira da estrada.
O que faz o município?
Apesar de ter uma renda per capita alta, a Prefeitura Municipal de Simões Filho peca por fazer um baixo investimento em áreas como educação, lazer, esporte e cultura. A história mostra quer todos os políticos que se apossam do poder, se preocupam mais em realizar obras com fins eleitoreiros, que angariam votos, como no caso de praças e asfaltos, porque simplesmente são visíveis aos olhos da população.
O Centro Industrial
O Centro Industrial de Aratu (CIA) é um complexo industrial multissetorial, com mais de 140 empresas. Em sua área encontra-se em operação o Porto de Aratu, além de empreendimentos dos segmentos químico, metal-mecânico, componentes para calçados, alimentício, metalúrgico, moveleiro, de minerais não metálicos, plásticos, fertilizantes, eletroeletrônicos, bebidas, logística, têxtil, serviços e comércio e mais recentemente o segmento Termelétrico.
O Centro Industrial de Aratu gera mais de 13 mil empregos diretos e indiretos. Fazem parte do CIA empresas gigantes como a Coca‑Cola, Tramontina, Dow, Gerdau, J. Macedo e Xerox. E o distrito abriga diversos Centros de Distribuição, a exemplo dos CDs da Avon e Atakadão Atakarejo.
No inicio de 2018, o Governo da Bahia, por meio Superintendência de Desenvolvimento Industrial e Comercial – a extinta SUDIC – autarquia que era vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE), chegou a iniciar um projeto de recuperação de algumas vias, mas com um baixo investimento estimado em R$ 4 milhões. Muito pouco para a grandeza do que representa o local, que continua completamente abandonado.