Tudo sobre INSS e Auxílio Brasil

Descaso: Vias de acesso ao CIA se transformam em pontos de “desova”

Foto: Reginaldo Ipê

Na Via Ipitanga, uma das avenidas internas do CIA Sul (Centro Industrial de Aratu), além do mato, buracos, o aspecto de abandono leva medo a quem trafega pelo local por simples razões: a insegurança, a fama de “áreas de desova” e o abandono que faz com que o complexo fabril, que abriga mais de 160 pequenas e médias empresas, ainda seja encarado como um “cemitério de indústrias”.

Isso porque ante a paisagem deserta de inúmeras vias internas, onde carcaças de automóveis queimados podem ser vistas nos acostamentos, buracos, entulhos largados no meio da pista e um forte odor de animais mortos, compõem um cenário que assustam principalmente motoristas que levam ou vão pegar cargas nas fábricas da região ou que utilizam o CIA como via de acesso para a BR-324 ou para o Subúrbio Ferroviário de Salvador.

Implantado em 1967 com o primeiro grande complexo fabril da Bahia, o Centro Industrial de Aratu (CIA) viveu períodos de auge e decadência e atualmente tenta se reerguer com tentativas de atração de novos empreendimentos. Dividido em dois setores, o CIA Norte, que abrange área da BR-324 e Candeias, e o CIA Sul, que por sua vez é subdividido em dois setores: um que concentra empresas próximas à Ceasa e Via CIA/Aeroporto, e outro que vai da BR-324 até os limites do Subúrbio Ferroviário de Salvador, e onde estão as áreas de maior degradação.

A Superintendência de Desenvolvimento Industrial e Comercial (Sudic), que além do CIA administra os Distrito Industrial de Alagoinhas, Barreiras, Polo Industrial de Camaçari, Eunápolis, Ilhéus, Itapetinga, Jequié, Juazeiro, Luís Eduardo Magalhães, Santo Antonio de Jesus, Teixeira de Freitas e Vitória da Conquista, reconhece a gravidade da situação e afirma que vem realizando estudos técnicos para fazer obras de recuperação emergencial na área.

Arriscado
Quem sai da região do Subúrbio Ferroviário de Salvador. Em direção ao Centro Industrial de Aratu pela BA-056 (Estrada Paripe/Base Naval), e pega o acesso ao complexo industrial Sul pela estrada que próxima à Lagoa da Paixão, depara-se logo com o mato e os buracos que tomam conta dom leito de uma das principais vias do CIA, onde estão fábricas como a Atol e a Forja Nordeste.

Em uma das vias internas de ligação que leva até a antiga Usiba (atual Gerdau) e aos fundos do Frigorífico Frimasa, carcaças de automóveis queimados, entulhos e animais mortos compõem o cenário. “É ariscado e a gente só passa por aqui durante o dia”, diz o motorista de caminhão, Geraldo Santos Junqueira, que costuma levar produtos para um moinho que fica nop interior da Baía de Aratu e costuma “cortar” caminho pelas vias internas do CIA.

Ali próximo a uma área que está sendo terraplanada para abrigar uma unidade da Bahiagás, há duas ruínas de empresas que fecharam as portas há mais de 10 anos. Na Via de Penetração, que dá acesso ao bairro de Ilha de São João e à localidade de Mapele, dois novos empreendimentos estão sendo implantados, em uma área onde se vê desmatamento e caçambas que carregam arenoso de uma área que fica no meio da mata.

Enquanto no trecho do CIA Sul do outro lado da BR-324, monde estão fábricas como a Avon, Ceasa, Corpo de Bombeiros e a sede da 8ª Delegacia de Polícia o abandono é bem menor, com o trecho da BA-56 administrada pela concessionária Bahia Norte bem conservado, no lado inverso da BR-324, em direção ao Subúrbio Ferroviário “cemitérios de automóveis” podem ser vistos em algumas das vias internas, com carcaças de veículos jogados em meio ao matagal, ou restos do que foram, largados à beira da estrada.

Sudic anuncia obras emergenciais após diagnóstico da área

A fábrica de detergente Q-Boa, que fica em uma das vias internas do CIA Sul, está em atividades normais, mas quem faz a entrega de produtos e matérias-primas de outros estados, como o motorista de carreta Sidney Barbosa, 46 anos, que veio com carregamento de São Paulo e enfrentou dificuldades para chegar ao local. “Não há sinalizações nos acessos, os buracos dificultam o trânsito de carros pesados e ainda ficamos sem qualquer segurança”, disse.

Segundo explicou em nota a Superintendência de Desenvolvimento Industrial e Comercial (Sudic) considera a situação das vias de acesso e internas do CIAS como críticas e informa que essa situação compromete a fluidez do trânsito no local, sobretudo de veículos pesados que fazem transporte de carga. Segundo ainda a nota da Sudic, “reconhecendo a importância da região para a economia do Estado, a autarquia realizou recentemente estudos técnicos que servirão de subsídio para as obras de recuperação das vias”.

Ainda segundo a Sudic, equipes técnicas realizaram recentemente um diagnóstico completo da região, avaliando as condições do pavimento da pista de rolamento, acostamento, propriedades do solo, volumes e cargas de tráfego, condições de drenagem e aspectos de segurança para que possam ser iniciadas em breve as obras emergenciais. “Com os dados coletados estabeleceu-se as informações qualitativas para determinação das causas da deterioração e as intervenções necessárias para a recuperação das vias em caráter emergencial”, diz a empresa, que é ligada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico.

A Suidic, contudo, disse que ainda não definiu o cronograma das obras, mas informou que toda avaliação funcional realizada fundamentou-se nas normas e preceitos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e SIT (Superintendência de Infraestrutura de Transportes – antigo DERBA). “O orçamento e cronograma de obras serão divulgados tão logo fiquem definidas as competências de cada entidade envolvida no processo.”, afirma a nota.
Um complexo multissetorial

De início seria um complexo industrial metal mecânico, alavancado por duas siderurgias – Usiba (atual Gerdal) e Sibra , um porto, o de Aratu, e pelas proximidades do Aeroporto Internacional de Salvador, e facilidade de acesso pela BR-324. O Centro Industrial de Aratu, idealizado pelo economista Rômulo Almeida e criado em 1967, foi a primeira grande experiência da Bahia na implantação de um complexo industrial.

O CIA, que já foi um cemitério de empresas, com a crise nos anos 90, Com 144 empresas (121 empresas em Simões Filho e 23 empresas em Candeias), gera aproximadamente 13.530 mão –de- obra direta. Nas suas três áreas – CIA Norte e Sul I e II – têm empresas de grande e médio porte como a Coca Cola, Tramontina, Dow, Gerdau, J. Macedo e Xerox, e o centro de distribuição da Avon.

Está situado em uma área de 250.433 quilômetros quadrados, a 18 quilômetros de Salvador pela BR-324 ou pela Avenida Suburbana, a 22,5 do Polo Petroquímico de Camaçari e a 10 quilômetros do porto de Aratu. Desenvolve atividades nas áreas de químico, metal-mecânico, calçadista, alimentício, metalúrgico, moveleiro, de minerais não metálicos, plásticos, fertilizantes eletroeletrônicos, bebidas, têxtil, serviços e comércio.

Comentários estão fechados.