Fila do INSS dá mais de R$ 70 mil em atrasados para quase 2 milhões de aposentados. Entenda
Quem está na longa fila de análise do INSS vai receber, com a primeira parcela do benefício, os pagamentos mensais acumulados desde o requerimento e corrigidos pela inflação.
Esses valores são conhecidos como atrasados e são devidos para segurados que aguardaram por mais de 45 dias a análise de seu pedido.
De acordo com o INSS, o tempo médio de concessão de uma aposentadoria hoje é de cerca de quatro meses.
A reportagem já encontrou segurados esperando por uma resposta por quase um ano. É o caso do motorista Bernardo de Azevedo Barbosa, 61 anos, que tenta se aposentar desde fevereiro de 2019. “Vai fazer um ano que entrei com meu pedido. Não imaginei que pudesse demorar tanto”, diz.
A pedido da reportagem, o Ieprev (Instituto de Estudos Previdenciários) simulou valores de atrasados para quem pediu benefícios de janeiro a junho de 2019 e recebeu a grana em dezembro do ano passado, último mês em que há um índice de inflação conhecido. Benefícios concedidos a partir de janeiro de 2020 terão acréscimo da inflação do período.
O trabalhador que entrou com pedido no INSS em janeiro do ano passado e teve a aposentadoria concedida em dezembro, no valor de salário mínimo (R$ 998, em 2019), terá direito a R$ 13.222,50 pelo tempo de espera.
Já quem se aposentou pelo teto (R$ 5.839,45, em 2019) e esperou pelo mesmo período receberia R$ 77.366,87 de atrasados, segundo cálculo do Ieprev (Instituto de Estudos Previdenciários) considerando que o segurado fez ao menos 80% das suas contribuições sobre o teto previdenciário desde julho de 1994.
Para estimar o valor dos atrasados, o trabalhador tem que conferir a data do pedido do benefício. Os atrasados devem ser contados desde a data do requerimento feito pelo telefone 135 ou pelo site Meu INSS.
A data vem informada na carta de concessão do benefício. Nela também é possível conferir os salários acumulados mês a mês.
Confira a grana acumulada na fila da aposentadoria
- Quase dois milhões de benefícios estão na fila do INSS para serem analisados
- O instituto tem o prazo oficial de 45 dias para conceder ou negar um pedido, no entanto essa extensa fila tem causado espera de meses
- Se for confirmado o direito ao benefício, o trabalhador submetido a essa espera vai receber os valores acumulados no período
| Benefício | Tempo de médio de concessão, atualmente |
|---|---|
| Aposentadorias | 125 dias |
| Pensões | 86 dias |
| Salário-maternidade | 63 dias |
O que são atrasados
- Se o INSS demora para conceder um benefício, os pagamentos mensais ficam acumulados
- Quando o benefício é liberado, os valores retroativos são depositados de uma só vez
- Os atrasados são contados desde a data do pedido de benefício
- Ou seja, o marco é a data da ligação para o 135 ou do pedido pelo site
Correção do valor
- Se a espera for superior a 45 dias, os atrasados são corrigidos pela inflação
- O indicador utilizado é o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor)
Atenção!
Só haverá pagamento de atrasados se houver a concessão do benefício
Descontos
- Na hora de fazer o depósito dos atrasados, o INSS vai descontar o Imposto de Renda do valor total
- O correto seria descontar o imposto mês a mês, já que o valor mensal da aposentadoria ou pensão pode ser isento de desconto de IR
- O trabalhador poderá recuperar o imposto pago a mais ao declarar o Imposto de Renda
Confira os atrasados de acordo com o valor do benefício e dos meses de espera pelo pagamento até dezembro de 2019
| Valor do benefício | Espera desde jan.19 | Espera desde fev.19 | Espera desde mar.19 | Espera desde abr.19 | Espera desde mai.19 | Espera desde jun.19 |
|---|---|---|---|---|---|---|
| R$ 998 | R$ 13.222,50 | R$ 12.100,42 | R$ 10.983,92 | R$ 9.875,31 | R$ 8.772,79 | R$ 7.671,76 |
| R$ 1.500 | R$ 19.873,50 | R$ 18.187,00 | R$ 16.508,90 | R$ 14.842,65 | R$ 13.185,55 | R$ 11.530,70 |
| R$ 2.000 | R$ 26.498,00 | R$ 24.249,33 | R$ 22.011,87 | R$ 19.790,20 | R$ 17.580,73 | R$ 15.374,27 |
| R$ 2.500 | R$ 33.122,50 | R$ 30.311,67 | R$ 27.514,83 | R$ 24.737,75 | R$ 21.975,92 | R$ 19.217,83 |
| R$ 3.000 | R$ 39.747,00 | R$ 36.374,00 | R$ 33.017,80 | R$ 29.685,30 | R$ 26.371,10 | R$ 23.061,40 |
| R$ 3.500 | R$ 46.371,50 | R$ 42.436,33 | R$ 38.520,77 | R$ 34.632,85 | R$ 30.766,28 | R$ 26.904,97 |
| R$ 4.000 | R$ 52.996,00 | R$ 48.498,67 | R$ 44.023,73 | R$ 39.580,40 | R$ 35.161,47 | R$ 30.748,53 |
| R$ 4.500 | R$ 59.620,50 | R$ 54.561,00 | R$ 49.526,70 | R$ 44.527,95 | R$ 39.556,65 | R$ 34.592,10 |
| R$ 5.000 | R$ 66.245,00 | R$ 60.623,33 | R$ 55.029,67 | R$ 49.475,50 | R$ 43.951,83 | R$ 38.435,67 |
| R$ 5.839,45* | R$ 77.366,87 | R$ 70.801,38 | R$ 64.268,60 | R$ 57.781,94 | R$ 51.330,91 | R$ 44.888,63 |
*Teto previdenciário de 2019. Importante lembrar que, mesmo que um segurado tenha contribuído a vida inteira sobre o teto, o valor da sua média salarial não será igual ao teto no momento da concessão do benefício. Ganha uma aposentadoria igual ao teto, por exemplo, o segurado com a maior média salarial e fator acima de 1.
Fonte: Folha/Agora/Uol
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