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Mulher mata marido a tiros durante briga em Salvador

“Matei meu marido agora. Aqui está a arma”. Assim Daiane Campos Rosa, 20 anos, pôs fim a um relacionamento de sete meses e brigas diárias ao colocar a arma do crime sobre a mesa de um escrivão da 5ª Delegacia (Periperi), no início da manhã da quarta-feira (24).

A jovem matou o companheiro Alan dos Santos, 25, dono de uma oficina mecânica, com um tiro no abdômen, na casa onde moravam, em Paripe. Segundo testemunhas, o casal foi curtir o São João na Praça de Paripe e retornou para casa na Rua das Flores, por volta de 23h.

“Eles chegaram com uma garrafa de licor e entraram”, contou a mãe de Daiane, a dona de casa Ana Lucia Santos Campos, 47, vizinha do casal. Ana Lucia contou que escutou barulho de copos sendo quebrados e de gavetas arremessadas ao chão algumas horas depois. “Como eles costumavam brigar, não fui lá. Eles se pegavam e no dia seguinte estavam de boa”, disse a mãe de Daiane.

Pistola

Familiares de Alan disseram que Daiane usou uma pistola 380 para balear o marido e que depois de cometer o crime ligou para um dos amigos do mecânico. “Ela disse que tinha atirado e pediu para o amigo do meu irmão socorrer ele. Foi esse amigo quem avisou a família”, descreveu a irmã de Alan, a auxiliar de cozinha Alane Bispo.

Segundo a mãe de Daiane, a arma usada no crime pertencia ao genro — ele levou para casa dias depois de uma briga com a esposa. A família de Alan contesta a versão e disse que o mecânico não tinha arma.

“Se ele tivesse uma arma, eu saberia. Ele nunca andou armado, não tinha por que fazer isso. Ela conseguiu essa arma com alguém e está dizendo que era dele”, contou o eletricista Paulo Robert Santos, amigo da vítima.

Depois de atirar em Alan, Daiane pegou o carro do mecânico, um Renault Sandero, e foi para a 5ª Delegacia (Periperi). “Antes de chegar na delegacia, ela perdeu o controle e bateu o carro, desceu e pegou um mototáxi”, contou o supervisor de condomínio Luciano dos Santos, amigo de Alan.

O delegado Antônio Montenegro, responsável pelo levantamento cadavérico, disse que um dia antes, Daiane começou a desconfiar de que Alan a traiu com uma tia de 35 anos.

A família de Alan, no entanto, diz que a suposta traição é mais uma manifestação da obsessão que Daiane tinha pelo marido. “Essas acusações eram frequentes. Ela já desconfiou que ele estivesse tendo um caso com a mãe dela”, afirmou Alane, irmã de Alan.

Ainda segundo ela, Daiane era possessiva e tinha ciúmes até dos amigos dele. “Ela afastou ele da família e ameaçava todo mundo que era próximo dele, até os amigos. Ela chegou a me ameaçar”, disse Alane. Parentes de Daiane confirmaram que ela é agressiva e utiliza medicamentos controlados.

Ciúmes

Amigos de Alan contaram que Daiane temia que eles apresentassem outras mulheres para o mecânico. “Ela (Daiane) dizia que se eu fizesse isso iria me matar. Eu conheço Alan desde pequeno, crescemos juntos. Era como um irmão pra mim”, contou o eletricista Paulo Robert Santos, amigo da vítima.

No entanto, vizinhos do casal disseram que o ciúme era recíproco. “Ela é muito bonita, malhava, passava horas no espelho, se arrumava para ele, mas ele não acreditava e os dois brigavam. Já ela, não podia ver ele com as clientes (da oficina) que já era motivo de confusão”, contou Maria de Lurdes Sacramento, 33, vizinha do casal.

Chumbinho

Essa não foi a primeira briga violenta do casal. “Depois dos dois primeiros meses de relacionamento, Daiane começou a se mostrar obsessiva. Uma vez colocou chumbinho na comida dele e tomou o veneno. Há dois meses, ela esfaqueou ele no ombro por ciúmes”, contou Paulo Robert.

Em outra briga, Alan tentou atacar Daiane com um facão, segundo a mãe da jovem. “Nesse dia, minha filha conseguiu tomar o facão e ameaçava partir para cima. Foi quando fui tentar impedir e ela me disse: ‘Não se aproxime senão lhe mato’. Ela disse isso por causa do problema de saúde”, disse.

A dona de casa Ana Lúcia afirmou que a filha tem problemas mentais. “Ela toma remédio controlado porque, às vezes, era muito agressiva. Isso não era empecilho para Alan, que disse que ia andar comigo atrás de um médico para ela”, contou Ana Lúcia.

Familiares de Alan contaram que aconselhavam o mecânico a terminar o relacionamento, mas ele dizia que amava a esposa.

Revanche

Para a mãe de Daiane, Alan estava com a arma para matar a esposa. “É muita coincidência. Sabia que o pior poderia acontecer. Quando perguntei pela arma, ele disse que era para proteger a oficina. Mas não acreditei”.

Depois de se entregar, Daiane foi encaminhada ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Hoje, será transferida para o Complexo Penitenciário da Mata Escura. O corpo do mecânico será sepultado nesta quinta-feira (25), às 10h, no cemitério Nossa Senhora do Ó, em Paripe. Alan tem cinco irmãos e não deixa filhos.

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