Padrasto de Eva Luana é condenado a 36 anos de prisão por tortura e estupro

O padrasto da jovem Eva Luana, que comoveu o país após relatar diversos abusos sofridos durante oito anos, foi condenado pela Justiça a 35 anos e 21 dias de reclusão em regime fechado e a um ano e três meses de detenção em regime aberto, totalizando 36 anos.

Thiago Oliveira Alves foi denunciado pelo Ministério Público do Estado da Bahia à Justiça e teve a prisão preventiva decretada em fevereiro deste ano. Ele foi condenado pelos crimes de lesão corporal no âmbito da violência doméstica, tortura e estupro de vulnerável. A decisão foi publicada nesta quarta-feira (14) pelo juiz Ricardo José Vieira de Santana. O processo continua em segredo de Justiça.

Entenda o caso

A história de Eva Luana, de 21 anos, jovem moradora de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), ganhou ampla repercussão nacional e tomou conta das redes sociais no dia 19 de fevereiro de 2019.

Na ocasião, a garota usou as redes sociais para denunciar uma série de agressões, abusos e traumas que sofreu, praticados pelo próprio padrasto durante oito anos.

Em sua conta do Instagram, Eva fez cinco publicações. Em seus relatos, a garota faz um desabafo e conta com riqueza de detalhes como foram os momentos de humilhação, sofrimento e terror, pelos quais passou ao longo de sua infância e adolescência. A jovem mencionou diversos exemplos, como abortar várias vezes, comer o próprio vômito – e até mesmo do cachorro – ser espancada, ser obrigada a sair nua pela rua, além de torturas psicológicas.

“Já abortei diversas vezes. Nunca pude ir ao médico pra fazer curetagem. Todas as vezes sangrava e passava mal a noite inteira. Já vi os bebês inteiros no vaso sanitário. Eu era chamada de burra, anta, doente, demente todos os dias e era obrigada a repetir isso pra mim mesma”.

A jovem contou que os abusos, torturas e todo tipo de agressão foram aumentando dia após dia, ano após ano. “Ele nos obrigava a fingir que tínhamos uma família perfeita. As agressões eram verbais, físicas e psicológicas. Entre elas, comer muito, em tempo estipulado, isso aconteceu com uma pizza família, pra comer inteira em 10 minutos. Óbvio que não conseguimos. Tb tomar 2 litros de refrigerante nesses 10 minutos. Eu levei socos no rosto e ele não me deixava me proteger com a mão. Ele enfiou as pizzas na minha boca me chamando de animal, eu vomitei e comi meu próprio vômito”, contou.

A moradora de Camaçari explicou que tudo começou com abusos sexuais quando ela tinha 12 anos, com abusos sexuais. Logo depois, foi proibida de ter amizades e manter relação com seus familiares, além de ser obrigada a dar todo o dinheiro que ganhava para o padrasto. Ela e a mãe também eram constantemente ameaçadas de morte, caso contassem para alguém ou pedissem ajuda.

“Ele começou a me abusar sexualmente. Eu tinha nojo, repulsa, ódio e não entendia porque aquilo acontecia comigo. Me sentia uma criança estranha e diferente das outras. Achava que aquilo só acontecia comigo. Eu tentei por diversas vezes ir para a casa da minha avó, mas ele sempre ligava ameaçando todos, dizendo que iria matar e fazer várias coisas assim. Então era uma prisão sem grade, literalmente”., relatou.

A garota também explicou que o padrasto escolheu a faculdade que ela iria estudar, para poder vigiá-la. Todas as suas redes sociais eram controladas pelo agressor, bem como suas conversas.

“Todos percebiam e me viam chorando. Ele me tratava mal em público. Ele me agredia nos estupros mas depois de um tempo, só utilizou das ameaças contra a minha família. Eu era usada como um lixo”, conta.

Além de já ter tentado o suicídio algumas vezes, aos 13 anos, Eva chegou a denunciar o agressor, mas, segundo ela, foi obrigada a retirar a queixa por ameaças do padrasto.

Por fim, a jovem relatou que recentemente conheceu um “anjo” que a ajudou, e que agora ela está sob proteção jurídica, apesar de ainda ter medo. Ela agradeceu todo o apoio que tem recebido, e disse que contou sua história para incentivar e encorajar outras meninas que passam por abusos, denunciarem. “Lute como uma garota. Colabore com a justiça e com a minha proteção”, finalizou.

A história é tão chocante, que gerou revolta de artistas nas redes sociais. No Instagram, artistas como Kéfera, Fernanda Rodrigues entre outros compartilharam a história, além de oferecer apoio e ajuda a jovem.

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